Se você gosta de um policial atual, com muito suspense e magistralmente escrito, não deixe de ler a trilogia Millenium.
O que pode ter de tão especial em uma hacker sueca, de escasso metro e meio, quase anoréxica, que nem depila o sovaco? Ora, a heroína inventada pelo Stieg Larsson no livro Millenium é um chute no sistema e na época em que vivemos. Sem fazer alardes, Lisbeth Salander vai na contramão da manada dando um pontapé em tudo aquilo que nossa sociedade atual valoriza.
Segue uma breve lista dos pontos pelos quais voce vai se apaixonar por Lisbeth Salander:
Ponto um. Lisbeth, sabe das coisas. Como ela é uma super hacker com memória fotográfica, ela descobre os podres de todo mundo. Lisbeth conhece a raça humana como ninguém. Por isso não se mistura e raramente socializa. Quem resiste hoje em dia a um like ou um comentário positivo de nossas ideias ou imagens no Face ou Instagram? Enquanto as pessoas fazem qualquer coisa nas redes sociais na procura de autoafirmação, Lisbeth mergulha no anonimato. Lisbeth nao precisa compartilhar nada de sua vida privada para saber quanto ela é bacana. Ela não se ilude com hipocrisias, fantasias, nem falsos elogios. Ao contrário dos jovens da nossa geração, não lhe interessa construir um nome. Sua salvação e sua liberdade estão no anonimato. Lisbeth realiza feitos fantásticos, mas não reivindica nem autoria, nem créditos.
Ponto Dois. Enquanto nossa sociedade mergulha cada vez mais fundo numa frenética luta pela juventude eterna através de cirurgias estéticas, malhação, alimentação saudável e visitas preventivas ao médico que nos afastem do inevitável; a miúda e quase anoréxica Lisbeth se alimenta apenas de junk food, acende um cigarro atrás do outro, não tem horário para dormir, e se veste muito mal. Cabeleireiro? Glúten? Orgânicos? Detox? Etiqueta? Lisbeth ta se lixando para isso tudo. Ela é muito maior do que isso. O negocio de Lisbeth é punir friamente abusadores e póliticos corruptos. Mas isso nao significa que Lisbeth não aproveite a vida. Ao melhor estilo Robin Hood, Lisbeth hackea contas que lhe permitem – sempre no anonimato – sair de férias no caribe ou comprar um piso de luxo em pleno centro de Estocolomo. Isso sim, Lisbeth nao é consumista. O apto não tem móveis e ela dorme num colchão no chão. Pra que mais?
Ponto Três. Lisbeth parece frágil, mas é forte. Lisbeth foi brutalmente abusada. Mas ela não sai nas redes sociais pedindo justiça, nem reclama dos homens o dia inteiro, nem queima sutiãs em praça pública reivindicando seus direitos. Não. Ela faz justiça com as proprias mãos. Lisbeth defende a causa das mulheres. Mas as defende como se fosse um verdadeiro macho. Ela se vinga. Sem confiar na lei e no Estado, faz justiça na ilegalidade e nas margens. Para ela, esses limites não existem. Lisbeth é aquilo que toda mulher que defende a causa feminista gostaria de ser, mas não consegue. Lisbeth não faz o papel de vítima em momento algum. Ela sabe se defender com outras armas. Com um computador , um wifi, e muita coragem ela acaba com sua vida rapidinho. Lisbeth é implacável. Ela pune como ninguém aqueles homens que não amam as mulheres.
ATENÇÃO:
Se você é uma mulher já deveria ter lido este livro faz muito tempo.
Se você é um homem sem escrúpulos que não respeita as mulheres, reze. Mas reze muito para jamais se encontrar com uma Lisbeth Salander por aí.
DICA: Faza uma força e tente chegar logo na pagina 100 de cada um dos livros. Dai pra frente é só alegria. DICA II: Stieg Larsson faleceu e o 4to livro da saga lançado em 2015 foi escrito pelo David Lagercrantz. Não perca nem um minuto com esse ultimo. É um abismo de diferencia com o velho e querido Stieg.
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