Quando fiquei sabendo que teria esse evento na cidade, já despertou em mim aquela vontade de descobrir, de arriscar o novo, de sentir essa experiência sensorial pela primeira vez.
O Del Barbiere é comandado pelo Chef Marcelo Schambeck, fica no Centro Histórico de Porto Alegre e tem uma história muito bacana. O próprio Marcelo me contou que, por seis anos ele dividiu o espaço entre a Barbearia do pai e o seu pequenino bistrô. De dois anos prá cá, seu pai se aposentou, então onde era a barbearia, hoje virou a cozinha do restaurante. Uma cadeira de barbeiro e o piso de ladrilho hidráulico ainda remetem à sua origem.
Fui a primeira a chegar ao restaurante, pois eu queria ter tempo pra conhecer todos os detalhes do Bistrô, e dar uma espiadinha na cozinha…
O lugar comporta no máximo 20 pessoas, bem pequenininho e muito aconchegante. Nas paredes, várias lousas com o cardápio da semana e os vinhos da casa escrito em giz, quadros e alguns objetos antigos de barbearia.
Me sentei ao balcão com minha taça de espumante aguardando o início do serviço e pensando como eu iria registrar a experiência…
O chef explicou que quando o sino tocasse, todos os comensais deveriam colocar as suas vendas e separar os talheres a serem usados.
Nem chegou a passar pela minha cabeça se eu teria algum tipo de restrição em comer algum alimento, minha preocupação era se eu conseguiria levar o garfo à boca…
Ao chegar o primeiro prato, a total entrega aos sentidos do olfato, audição, tato e paladar. É incrível como as percepções se aguçam e como sentimos tudo mais devagar, percebendo mais a nós mesmos e aos outros ao nosso redor. Tentei fazer algumas fotos no escuro… depois tive que pedir ajuda!
Foram sete passos do Menu às Cegas, com muitos contrastes, texturas e sabores inusitados.
A começar pelo Caldo de tomate, frio e com pedacinhos de tomates em cubos, já para testar a habilidade com a colher e partir para a brincadeira!
Misturas que me surpreenderam positivamente tais como o Guiozá de Língua que trazia o oriental e o defumado no mesmo prato. Já me sentindo mais à vontade, comecei a usar os dedos e o jantar foi ficando muito mais divertido.
Outros que acessaram minha memória afetiva, que talvez se eu tivesse visto não teriam provocado essa sensação, foi o caso do Cogumelo Castanho com molho de Ossobuco que lembrou muito o Strogonoff da minha infância.
O Granite de Pêssego com Pachouli (aquela alfazema que vendem nas praias!) Nem sabia que se podia comer isso! Geladinho e com perfume maravilhoso!
A bochecha de boi causou um burburinho e algumas surpresas por ser algo mais exótico e não tão comum. Estava divina e surpreendeu àqueles que torceram o nariz!
Quem aí teria coragem de comer Formiga? Pois é… Comemos e nos lambuzamos.
Formigas da Amazônia sobre o branquinho, moidinhas e crocantes com muito gosto de capim – limão. Essa é uma característica natural, e nada é acrescentado para destacar o sabor.
Por último, o doce e o azedo em perfeita harmonia do tradicional chocolate, à nossa fruta regional, o Butiá.
Todos os pratos foram harmonizados com espumante Rosé aqui do Estado.
Um cardápio muito bem pensado e perfeitamente executado pelo Chef Marcelo e sua talentosa equipe!
A experiência foi enriquecedora, divertida e surpreendente!
Menú Detalhado:
Caldo de Tomate, com cubinhos de tomate, folhas de rabanete e óleo de Carvão.
Cogumelos Castanho e Shimeji, com molho de ossobuco, repolho tostado e chips de batata doce.
Guioza de Língua e caldo oriental com palmito pupunha marinado em gengibre.
Bochecha de boi, purê de mandioquinha e farofa de pão.
Granite de Pêssego ao perfume de Pachouli.
Branquinho com Formiga da Amazônia.
Mousse de Chocolate amargo com creme de butiá e farofa de cacau e caramelo.
Aline Zagonel
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