Deserto do Atacama. Um vulcão ativo de 5.500m de altitude.
A ideia desse desafio começou a despertar em mim um misto de alegria e muito medo! Eu sempre gostei de fazer trilhas, trekking em montanha e explorar caminhos desconhecidos. Mas dessa vez era diferente: exigiria de mim muito preparo físico e emocional. Li muitos artigos a respeito desse vulcão, sobre o mal da altitude, quais os riscos que eu estaria correndo…e conversei com algumas pessoas que já tinham ido para ter realmente certeza do que viria pela frente.
Falta de ar, tonturas, dor de cabeça, náuseas, batimentos cardíacos acelerados, exaustão física. Desmaio. Embolia pulmonar. Meu Deus! E aí a gente pensa: Vou mesmo me arriscar? Pra quê passar por isso?
Eu não sabia a resposta. Mas daí pensei: eu sou saudável, meus joelhos estão ótimos… por que não?
Me preparei durante 1 mês, com exercícios cardio-respiratórios bem intensos.
O Lascar
O Lascar é considerado para os montanhistas um vulcão de nível fácil. A trilha até a cratera é toda em zig zag, e o tempo estimado de subida é de 2.30h. Ele é o vulcão mais ativo do norte do Chile, e sua última erupção foi em Setembro de 2015. A cratera tem 750m de diâmetro e 300m de profundidade, sempre com uma fumarola de enxofre que pode ser vista a kilômetros de distância.
Aclimatação
Um fator muito importante pra conseguir suportar a altitude é o tempo de aclimatação. Como muitos passeios no Atacama são em altitudes elevadas, o recomendado foi deixar a ascensão ao Lascar para o último dia, ou seja , no 4° dia quando eu já estaria mais adaptada.
Reunião Prévia
A Flavia Bia Expediciones foi a empresa que escolhi para essa expedição por ser uma Agência Brasileira no Atacama! Durante um mês inteiro eu fiquei trocando e-mails e WattsApp com a Flávia, fazendo muitas perguntas! Ela teve muita paciência comigo…
Com elas (a Flávia e a Rose) eu me senti segura e acolhida, pois responderam todas minhas dúvidas e também me fizeram acreditar em mim.
No dia anterior a ascensão tivemos essa importante reunião com o guia Elias onde ele nos explicou todos os detalhes da nossa expedição, horário de saída, horário de chegada, tipo de roupa e os equipamentos necessários para a nossa aventura. Pra ter noção da sua experiência, faz 7 anos que ele leva aventureiros e montanhistas até o cume do Lascar, de 3 a 6 vezes por semana, dependendo da época do ano! Conversar com o Elias me deixou mais tranquila e confiante, pois ele nos transmite muito conhecimento e entusiasmo. Por isso a importância de escolher uma boa agência com profissionais qualificados que te levarão com segurança à esse, e à todos os outros passeios incríveis que o Atacama oferece.
Recomendações Básicas
- Nada de bebida alcóolica na noite anterior
- Refeição leve dando preferência a carboidratos
- Não comer carne
- Levar pouca coisa na mochila, porque naquela altitude até um alfinete pesa!
- Uma garrafa de água de 1,5l
- Banana e chocolate
- Bastões de Trekking (a agência empresta)
- Roupas especiais de montanha (no mínimo 3 peles): calça e blusa térmicas(1ª pele), blusão(2ªpele), jaqueta bem quente com capuz, calça, toca de lã, luvas, meias térmicas e bota para trekking de cano alto.
- Óculos de sol e protetor solar.
Saímos do Hotel às 5:30h da manhã e a viagem até o Lago Lejía durou 1:30h. Levei um travesseiro na viagem, mas não consegui pregar o olho!
Preciso dizer que chegar naquele lugar ao amanhecer e ver as montanhas douradas que refletiam a luz do sol, foi o maior espetáculo que tivemos! Um presente! Ficamos fascinados por aquele lugar! Tiramos muitas fotos lindas e o passeio já teria valido muito a pena. Tanto assim que chegar à cratera do Lascar passou a ser secundário, tamanha era nossa alegria de estar ali!
Fazia muito frio e o nosso guia nos preparou um café delicioso e bem reforçado com pães, doce de leite, queijo e abacate, para termos muita energia pra encarar o que viria pela frente!
Depois de nos alimentarmos e já com o sol raiando no céu, seguimos de carro nosso caminho até a base do vulcão a 4.800m.
Bem, era chegada a hora de encarar finalmente esse desafio que eu tanto planejei e sonhei. O Elias nos orientou que os primeiros 30 minutos seriam os mais difíceis, pela aclimatação do corpo a altitude, mas que não deveríamos parar e tentar seguir caminhando.
A partir daquele momento nada mais importa a não ser dar um passo após o outro. A cabeça esvazia. O coração dispara.
Me concentrei na respiração e no ritmo das minhas passadas.
Por sorte, naquela manhã não ventava e por isso não chegamos a sentir o cheiro do enxofre. O esforço na subida é extremo, mas em nenhum momento pensei em desistir. Tivemos duas paradas para descanso ao longo de todo nosso percurso. Água e algumas frutas secas para repor nossas energias e seguir nosso caminho…
Nos últimos metros antes de alcançar à cratera a emoção começa a aflorar…estávamos chegando!!! Nosso último esforço era apenas pra soltar um grito da garganta!!!
Chegar ao topo da cratera e sentir o vulcão vivo, um sentimento de vitória, todo esforço da conquista, da meta cumprida me fizeram derramar muitas lágrimas de felicidade!
A descida foi igualmente difícil! Descemos praticamente escorregando nos pedregulhos e forçando muito os joelhos.
Aprendi com o Lascar ensinamentos importantes e que vou levar pra minha vida pra sempre! A nossa intenção, a vontade legítima de chegar a algum lugar não pode ser abolida pelos nossos medos e por nenhum obstáculo no meio do caminho. Sempre haverá uma pedra, um vento forte ou uma tormenta.
Mas a recompensa…ahhhh essa será incrível!!!!
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